Manifesto Pode Entrar e Tocar: o anti-método da Casa Da Música

Se existe um método para se aprender arte, capaz de ensinar um ser humano a se tornar um artista, então deveríamos nos perguntar o que é arte. Eu me refaço essa pergunta muitas vezes e a cada tentativa de desvendar este mistério, sempre aprendo um pouco mais sobre a música, a arte mais abstrata de todas.

Música não se vê, mas existe. Por isso é tão abstrata. E para nos aprofundarmos nela precisamos nos conectar com o seu ritmo, sempre guiado por um pulso musical.

A diferença entre música e barulho é exatamente essa capacidade que temos de produzir um som que pulsa, lógico, que nos traz o sentido sonoro de começo, meio e fim. Um som organizado no tempo capaz de gerar uma linguagem, um canal de comunicação com o outro.

A música cura, transforma, enriquece nossos conhecimentos, culturas, aguça sentidos e alimenta a alma. Nos faz lembrar dos momentos mais especiais das nossas vidas e pensar naqueles que ainda estão por vir. Toca o nosso coração, os nossos mais profundos sentimentos, também desenvolve a lógica, promovendo uma união dos hemisférios cerebrais, fusão maior da razão com a emoção. E o que torna isso possível é exatamente o ritmo, o pulsar musical.

Podemos dividi-la em três partes: melodia, harmonia e ritmo. Mas nesta hierarquia o ritmo é o rei. Seja na música clássica ou popular, sem ritmo não se faz música.

Alcanço aqui o início deste manifesto: “Pode entrar e tocar” é o anti-método da Casa Da Música.

Não há método algum que ensine ritmo, groove e swing melhor do que a experiência direta com o tocar. É tocando, com o acompanhamento de um professor profissional, que o aluno pode experimentar o ritmo, alcançando suas primeiras referências de linguagem musical.

Meu mestre de música, Luizão Cavalcanti, sempre dizia: música se aprende por osmose.

Depois de 20 anos trabalhando com educação musical, há 10 como diretor da Casa Da Música, compreendi profundamente as palavras dele. Partituras, toda a teoria musical, todos os ensinamentos de leitura harmônica, melódica e rítmica devem vir depois do que chamo aqui de anti-método.

Pois primeiro precisamos dar ao aluno a possibilidade de se aproximar da música sem preceitos, sem dogmas, sem papéis e leituras. Precisamos proporcionar ao aluno um contato direto e verdadeiro com a música, com as linguagens rítmicas e os gêneros musicais. Só assim ele terá a chance de sentir o ritmo. E quando chegar o momento de se aprofundar na teoria, estará maduro o suficiente para ler o que está tocando sem que isso interfira no seu pulso musical.

Para que assim aprenda a ser livre! Para que assim aprenda a ser músico! Para que assim tenha a chance de se tornar um artista verdadeiro.

Isso que chamo de anti-método se apoia inteiramente na escola construtivista de Paulo Freire: educação é uma via de mão dupla aonde professor e aluno estão sempre aprendendo um com o outro. Tocar juntos, criar juntos, pulsar juntos é o nosso jeito de proporcionar, tanto para nós quanto para os nossos alunos, a oportunidade de fazer música viva.

Pode entrar e tocar.

Fi Bueno

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